R5 - 350, a primeira Yamaha

 

          Para não pensarem que sou um motociclista monomarca, afinal, coincidência ou não, minhas primeiras experiências com motos de verdade, foram com máquinas Honda, uma CB 125 dois cilindros e uma 125 Turuna 79, ambas de amigos da época que me “quebravam o galho”.

Porém, acontece que o Nando, proprietário da Turuna, tinha uma outra moto, uma Yamaha R5 350, do início dos anos setenta.

Para quem não conhece esse modelo, basta imaginar uma RD 350 das antigas, sem o freio a disco e com alguns detalhes diferentes que se aproximará bastante da estética dessa veterana.

          Acontece que lá pelo fim da década de 70, esse exemplar, de cor verde metálica, já não gozava de muito boa saúde e aqui em São Pedro, ninguém gostava da coitadinha, nem seu próprio dono...

Para a época, até que era uma moto de certa imponência, porém, a moto em questão, já estava meio “fuçadona”, os escapamentos originais foram substituídos por dois “Kadron”, de fusca, cujo resultado estético, era um horror!

Fazia uma fumaceira e ninguém conseguia fazer aquela moto funcionar direito. Certa vez, lembro-me de te-la visto nas mãos de um mecânico da cidade ( de automóvel, pois na época, mecânicos especializados em motos, por aqui, eram extraterrestres...), ela fumava tanto, que criavam-se círculos de fumaça no ar, um verdadeiro espetáculo pirotécnico!

Os dois cilindros dificilmente funcionavam juntos, ou pelo menos, em harmonia. O freio, um belo “tamborzão” dianteiro, enfeitava bem a moto e só.

Mas apesar de tantos defeitos, eu até que simpatizava com a “desprezada”, talvez, pelo fato de só empurrar minha Leonette, qualquer moto parecia coisa de outro mundo.

E assim, eu torcia para que o Nando aparecesse com ela de vez em quando, para dar uma volta.

Por várias vezes, rodei com a “temida”, sempre puxando na subida da rua onde eu trabalhava, pois na descida, toda cautela era pouca. Era uma alegria quando, as vezes, os dois cilindros entravam em um acordo e empurravam a moto para valer. Acho que o principal problema da incompreendida, era o fato de não existirem por aqui, pessoas que realmente soubessem mexer com tais motos.

          Confesso que fiquei triste quando ela foi vendida para longe de São Pedro, afinal, foi mais uma oportunidade perdida para que minha Leonette pudesse  ter seu merecido descanso, na sucata.

 

          Carlos Trivellato