Minha Quinhentona !
Esta é uma longa história, apesar de meus 29 anos...
Tudo começa em 1981 com o meu pai surgindo um belo dia com a sua novíssima TT125 1979 vermelha, já "equipada" com o farol amarelo e bagageiro cromado.Fui um garupa corajoso, pois o meu velho realmente acreditava na "idéia" do fora de estrada que essa moto representava.
Era barranco, areia, campo de várzea, derrapadas e empinadas, não tinha terreno ruim para a Tetezinha, embora nunca esqueça as observações de meu pai ou outros adultos sobre as "four", novas na época.
Para mim eram motos enormes, de sonho, que víamos abundantemente, nas ruas de então...
As quatro saídas de escape e o som agudo dos quatro em um eram de parar o tráfego.
Pois é, o meu primeiro contato com esta motocicleta (Yamaha TT) iria marcar a minha existência.
Menos de dez anos depois adquiriamos (eu e meu velho - alias muito mais ele do que eu!) uma TT125 preta 1979 toda detonada, que serviria para o meu "aprendizado", seguindo a tradição.Em 1989 tinha 14 para 15 anos, uma TT125 "batendo pino", enquanto o meu velho possuia uma XLX350R zerada (com aquele pedal de partida horrível, verdade seja dita).
Aprendi a andar e até a "fuçar" na TT, e, velas e velas, platinados e retíficas depois, comecei a "encarar" a XLX ou Xizelona, como a chamavamos carinhosamente. Era uma moto maravilhosa, depois de ligada, é claro, pois aquele pedal... ai, dói até hoje (a história das "xizelonas" não acaba aqui, tem mais...).
Um belo dia trafegando por paralelepípedos molhados tomei o maior tombo com a Xizelona (não estava acostumado com aquele freio a disco dianteiro...), fraturei o pulso e a perna, me arrebentei inteiro, e, ainda quebrado, por incrível que pareça, um cara, que me socorreu, me aparece com uma CB450DX querendo fazer um "rolo" com a 350 (que era 1988, e estavamos em 1989). Na hora não entendi nada, mas peguei o telefone do cara e dei o meu tel. assim mesmo.
Meu pai (após os devidos socorros no hospital e mentiras obvias para o policial de plantão em vista de minha menoridade), como sempre foi um admirador das CBs, ficou um pouco, digamos, instigado, pela proposta da CB450DX, afinal, sua Xizelona estava destruída (como eu também, seu filho!).Ele fez o negócio...
Bom, minha TT estava toda "debulhada" após as minhas "fuçassões" enquanto a cbezona estava lá, ao lado, na mesma garagem... Não resisti.Clandestinamente apropriei-me da moto de meu pai, e rodei madrugadas afora, confiando demais na sorte, até em uma oportunidade diurna, ser PRESO pela PM em uma bela tarde de Domingo, por volta de 1990...
Aqui começa um certo "jejum" motociclístico que duraria até minha aquisição de uma DT180 1980 em 1992 (toda destruída, paguei cerca de 200 dólares na época, graças ao velho pai motociclista e mais alguns bicos).
Esta DT não durou nada, não tinha partida a pedal, mas à "garupa" ou seja, só pegava empurrando... não tinha farol, não tinha nada, até a placa tinha caído .
Troquei esta moto meses depois por um Chevette 1977 que mal andava, e, deste, passei a uma MONARETTA, com a qual me acidentei (uma maldita Kombi, que fugiu)!
Outro jejum motociclístico e a próxima moto já me encontrará adulto, já com um filho de um ano, em 1995.Utililizava, então, a minha Yamaha RD135 1989 para a locomoção. Primeiro, enquanto havia emprego, para o trabalho, depois... Motoboy...
Entregava de tudo. Mel, frango, jornal, o que viesse...
A Erredezinha corria até centenas de quilometros por dia.Eis que a situação muda, e lá estou eu com as motocicletas de novo, dez anos depois!
Em 1999 sou funcionário técnico de uma grande seguradora e percorro o litoral paulista de norte a sul em uma precária, mas valente, Biz 100cc... até a sua quase destruição (prevista por mim, e alertada aos chefes incompetentes).
Adquiri, então, com apoio da empresa, uma NX200 1994. Quebrou o galho, até ser roubada, quase na porta de casa...
Mudanças, de novo!Demissão da empresa, vestibular,FUVETST, universidade, outros rumos.
Compro uma Cegezinha (1999), motoboy de novo por uns tempos...
Meses depois ela é roubada.Depois de um certo tempo à pé (estamos em 2002), resolvo por outra moto não tão visada, agora só para transporte, pois sou professor; volto à XIZELONA 350 (é outra 1988!), por princípios.
Dou azar, ela trava em uma viagem pelo estado (mas estava na garantia mecanica!).
Adquiro uma SAHARA 1997 e com ela passei bons dois anos... até encontrar uma maravilhosa CB500K (four) 1972, a qual "namorei" por um ano até conseguir a oferta ideal de seu dono, um senhor que não queria nem "duas Saharas" pela máquina!
Troquei a Sahara pela 500, sem nem pestanejar, afinal aquelas quatro saídas de escape nunca saíram de minha memoria por todo esse período de motociclísmo, pois, como deve lembrar o amigo internauta, no início dos anos 1980, nada causava um maior impacto do que as "setentonas" four e seu ronco inigualável ...
Bom, hoje, não é só um filho que tenho, são dois, ambos garupas entusiastas de minha Quinhentona, meu sonho de infância e adolescência, mas, não é só: é o final de uma história:
Com uma moto tão maravilhosa quanto esta não dá para pensar em "Shadows" ou "Falcons" de plástico ...
Depois de tudo isso é preciso pensar no que as fábricas vem fazendo, suas estratégias e qual o coeficiente de obsolescência programada... afinal, motos de plástico, não dá.
Chrystian cp_chrys@yahoo.com.br
Santos - SP