Motos Clássicas 70
Passo-a-Passo

Yamaha DT180 1982

por: Eduardo Sakemi
eduardosakemi@globo.com

 

Eu sempre quis uma DT 180.
Lembro-me como se fosse hoje do dia que, saindo do cinema no Shopping Ibirapuera, olhei pela Concessionária Yamaha da Av. Maracatins e vi uma DT na vitrine.
Fiquei maravilhado com o estilo da moto.
Até então, as fora de estrada ficavam restritas à TT125 e a FS125, uma adaptação feita pelas concessionárias da Honda.

Na época eu tinha uma CG 125 azul claro... depois vieram tantas outras, mas a DT acabou passando e ficando no sonho.

Um belo dia, 10 anos atrás, em férias na nossa casa de Itatiba, quebrou o câmbio de uma Agrale que eu tinha.
Com o dinheiro do conserto, comprei a DT, que estava jogada no canto de uma oficina. Imediatamente montei uma moto de trilha.

Muito tempo se passou e a DT voltou a ficar jogada num canto, até que resolvi que ela já era uma “senhora” e devia abandonar a vida de aventuras e se aposentar como uma dama.
Foi o que fiz e vocês vão ver a seguir.

Ao lado a versão de trilha... espartana como deveria e toda gasta como se imagina...

 

Primeiramente desmontamos a moto inteira e começamos pintando o quadro. De prata.
Cabe aqui a primeira ressalva (de um total de 3) e as minhas desculpas aos mais tradicionalistas, porque a DT não foi fabricada com quadro prata.

O resultado porém valeu a pena.

   

Em seguida foi a vez do motor e do câmbio.
Desmontados e revisados peça por peça.
Da até pra ver a biela novinha, destacando no conjunto do motor aberto.

Motor e câmbio ajustados, quadro pintado e dezenas de parafusos, arruelas, borrachas e outros detalhes substituídos por novos, chega a hora de recuperar peças de acabamento e começar a montar a “nova senhora”.

   

Começando pelas rodas. Aros furados pela ferrugem (tanto o dianteiro quanto o traseiro) foram trocados por aros novos.
Aproveitamos e compramos dois conjuntos de raios cromados.
Coroa pintada, protetor de corrente novo, apoio lateral novo.

Velocímetro e contagiros originais, recondicionados, voltaram a funcionar.
Farol original, e aqui cabe a segunda ressalva e segundo pedido de desculpas.
A parte elétrica foi refeita e transformada em 12V.
Eu sei ... os puristas vão reclamar, mas falem a verdade, só quem andou a noite com faróis de 6v sabe porque eu fiz isso.

 

Acima  a mangueira do "autolube" (recuperado, porque até então era óleo no tanque mesmo), filtro de ar e detalhe do quadro e da tampa do carburador.

O reservatório de óleo tem até o sensor e a luz do velocímetro funciona!

 

Acima, à esquerda, o tanque sem a pintura verde e, ao lado depois da pintura final.

As faixas são originais.
A pintura é preto cadillac e o verniz foi aplicado sobre os adesivos.

As laterais tem detalhes que ninguém notaria. Na moto original, o modelo preto tem as laterais com dois acabamentos no próprio plástico. Onde vão as faixas, o plástico é preto brilhante e no triângulo onde vai escrito DT180 o acabamento é no próprio plástico em preto fosco.

Consegui duas laterais novas, mas o plástico já estava um pouco ressecado, então, dando o maior trabalho para o pintor, fizemos o seguinte:

Pintamos a peça em preto, aplicamos os adesivos e um verniz brilhante em tudo. Cobrimos o adesivo DT180 e pintamos o triângulo de preto fosco. Pronto! Original e protegido do tempo. Perfeito. Melhor que o original eu diria.

  

Os paralamas dianteiro e traseiro são originais do modelo 82 (estreitos) também.
Aqui vai a terceira ressalva.
Pintura de fogo e corte com grade no paralama dianteiro.
Peças originais de motos com mais de 20 anos não são fáceis.
O paralama traseiro consegui novo.
O dianteiro não. Consegui um usado que tinha uma trinca na lateral.
Resultado: fiz cortes nas laterais e coloquei uma grade por trás.
Aproveitei que ia pintar mesmo e pintamos as chamas.
São chamas em vermelho, laranja e amarelo, do tipo “fogo real” com um filete dourado contornando, usando as cores das faixas do tanque. Lanterna traseira é original também e comprada nova. Notem que os piscas ainda são os da RDZ. Estou procurando os originais e assim que achar serão trocados. Considerem provisórios... A ponteira do escapamento é original porém foi cromada.

Acima a senhora pronta e montada.
E aqui a quarta e mais grave ressalva e mais um pedido de desculpas: a frente é da Agrale, com suspensão regulada a ar e freio a disco.

   

As bengalas foram lixadas e não tem mais nenhuma indicação que ela é da agrale. Mas a moto ficou toda mais alta.
O guidão e os retrovisores originais.
Até o protetor do motor é orginal comprado novo na Yamaha.
Vou pensar ainda sobre as bengalas...
... é que pra andar ela ficou ótima!