Test Drive
YAMAHA 180 CS2E
1970

 

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por: Marcos V.Pasini


Yamaha 180 CS2E 1970 cedida gentilmente para o teste por José Caldeira

A caminho da casa do Sr. José Caldeira, estava me sentindo como se fosse encontrar alguém que não via ha muitos anos, há uns 30, para ser mais exato.
Já tinha dito à minha esposa que ela conheceria, neste dia, o 2°amor da minha vida...(estava me referindo, é claro, à moto que iria testar...)

Chegando ao destino, o Sr. Caldeira, Presidente de Honra do Veteran Motorcycle Club do Brasil e colecionador de motocicletas, com ênfase nas inglesas, nos recebeu com sua costumeira simpatia e cordialidade e, juntos, fomos até o local onde estava guardada a moto para o teste.

Chegando lá, vi que ela estava sob uma capa, deixando aparecer displicentemente seu enorme cubo de freio dianteiro.
Com a pulsação alterada, a fui despindo até que surgiu, tímida, a Yamaha 180 CS2E!!!!


Detalhe do cubo de freio dianteiro com acionamento "duplex"

Lá estava ela!!! Após quase 30 anos sem ver outra igual, deparei com um exemplar que foi comprado "0Km" pelo seu primeiro e único dono, ainda com a pintura original, com um nível mínimo de restauração, ou melhor, somente com manutenção!

Conta o Sr.José Caldeira que, apesar de fã incondicional das clássicas inglesas, apaixonou-se por ela, quando estava exposta em uma revenda, em 1970. Entrou e a comprou!!!
E está com ela até hoje.

A "Yamaha 180", como era conhecida na época, foi uma das primeiras bicilindricas 2 tempos que a "Motorsport" (primeira importadora oficial da Yamaha, no Brasil), trouxe e que assustou os proprietários de Ducatis, Gileras e afins, com seu agressivo motor, levando ao chão muitos desses ousados e intrépidos motociclistas.


Sua linha era super arrojada para a época

A família bicilíndrica da Yamaha, na época era composta das seguintes motos: 
100-L1, 125-AS1, 180-CS2E, 250-DS5E e a 350-R3.
Todas elas super-agressivas, em relação às suas concorrentes, normalmente as italianas, de mesma cilindrada.

A CS2E, foi substituida logo em 1971 pela 200-CS3E, praticamente com o mesmo lay-out da primeira, apenas com alguns pequenos detalhes fazendo a diferença entre as duas.


Yamaha 200 CS3E

A denominação CS2E, significa: "C", que a cilindrada é de 175 a 200cc;"S", Street; "2", 2a. versão; e "E", sistema de partida elétrica, conforme mostra a tabela abaixo:

cilindrada

utilização

n° sequencial

sistema de partida

175 a 200cc

Street

versão n°2

elétrica

C

S

2

E

A Yamaha 180 foi uma motocicleta que, na época, me dava até frio na barriga, de tanto que eu era apaixonado por ela.
E nesse teste, tive a oportunidade de reviver momentos mágicos que tive ha 30 anos atrás...

Dirigindo a CS2E:

Ligamos a chave de contacto...Nada!!! A bateria estava descarregada...

Após uma "chupeta" seu painel acendeu colorido!!!! Ligamos no pedal (ela tem partida elétrica, mas preferimos não forçar o sistema elétrico que estava com pouca carga).

Após a 3a. pedalada, seu bicilíndrico 2 Tempos começou a se manifestar, emitindo aquele som agudo e uníssono nos seus escapamentos!!! Que música...

O Sr.Caldeira, prudentemente, procedeu ao "warm-up", antes de me entregar o comando do bólido, afinal, esta é uma jóia rara...


Durante o "warm-up"

Motor aquecido, afivelei o capacete e fui para as ruas do bairro da Lapa, na capital paulista.


OK, Vamos à parte boa do trabalho!!!

Sua competência está como ha trinta anos atrás!!! Seu forte propulsor, em uma moto com boa relação peso/potencia, começa a ficar "nervoso", querendo levantar a frente do chão, após os 4000rpm (sem o auxilio da embreagem !!!).

O motor é um bicilindrico ("twin") em linha, transversal, com a defasagem entre as manivelas de 180°, com 2 carburadores de venturi variável (pistonetes) e bomba de óleo 2T ("Autolube"), regulada por cabo, injetando óleo entre o carburador e o coletor de admissão.

Seu ronco, cada vez mais agudo, a medida que a rotação vai aumentando, lembra um enxame de abelhas.


Bastante ágil na cidade

O cambio é de 5 marchas, tipo convencional, do lado esquerdo: 1a. para baixo e as outras 4 para cima, com o ponto-morto entre a 1a. e a 2a.

O freio, de acionamento mecânico (cabo na dianteira e varão na traseira), é a tambor nas duas rodas, sendo o dianteiro com acionamento"duplex", ou seja, com ambas as articulações das sapatas distendendo-se simultaneamente, comprimindo as lonas uniformemente na superfície interna do tambor, e o traseiro, com acionamento simples ("simplex").
Ele se mostra bastante eficiente, apesar de tender ao travamento do dianteiro, em condições severas de frenagem.

Sua ciclística é extremamente suave. O motor, em função de seu bom balanceamento natural dos bicilíndricos 2T (180°), não vibra e os comandos são leves e ergonomicamente bem distribuídos.

A chave de contacto posiciona-se entre os instrumentos, no painel, em local seguro e de fácil acesso.


Vista superior da CS2E


O painel é composto de tacômetro, velocímetro com odômetros total e parcial e luzes de advertência de ponto morto, setas e bateria (a ignição é 12V por bateria e platinados).

O "Fermasterzo" (dispositivo manual de enrijecimento do guidon, localizado na caixa de esferas), ajuda a manter a estabilidade em rodovias, minimizando o aparecimento de "shimming", devido a eventuais "crateras" nas rodovias...

O chassis, em berço, mesmo com as duas suspensões "Old Fashion", isto é, na dianteira telescópica com mola externa e, na traseira, 2 amortecedores hidráulicos com molas reguláveis, atuando entre os braços flutuantes e o quadro, proporciona uma dirigibilidade segura em retas e em curvas acentuadas.

Sua utilização é muito boa tanto em cidade como estrada, onde pode-se cumprir o limite legal de 120Km/h (em algumas rodovias) com facilidade. Recomenda-se uma vela índice NGK 8, nesse caso.

O conjunto óptico é satisfatório, com um bom farol, setas e lanterna traseira proporcionando boa visibilidade.


Vistra frontal da "Yamaha 180"

 

para acessar a FICHA TÉCNICA clicar aqui

Testar motos desse naipe é, certamente, uma das motivações que tenho para a realização dessas reportagens...

Como é gratificante fazer essas matérias...


É bom demais !!!!!

Nossos agradecimentos especiais ao Sr. José Caldeira, que nos cedeu sua moto e parte de seu tempo de descanso, no fim-de-semana, para esse trabalho.
E ao amigo e colaborador Flávio Abbud pela ficha técnica.

 Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria !

Comentários:


Nome:   E- Mail:


Prezado, tive uma moto destas lá pelos idos dos anos 70. A minha era 69, azul, extamente como esta. Não sei como sobreviví a esta moto pois tinha uns 14 anos na época, imagine só, usando uma máquina destas.
Enfim sobrou muita saudade, parabéns pelo teste.
João Barreto
joao.barreto@halliburton.com  (Terça Feira, 20 de Maio de 2003, às 11:49:55)


FANTÁSTICO!!!

nome: Darcy Ruben Biehl
(
trap.c@terra.com.br ) Domingo, 30 de Maio de 2004, às 22:11:21


Voces não imagiam como também fique feliz (quase tanto quanto o Marcos, o grande felizardo em poder testar)em rever uma moto pela qual também fui apaixonado nos anos 70.
Um amigo meu de escola tinha uma e eu tinha vontade de chorar toda vez que eu pedia para dar uma volta e ele me negava (afinal eu era apenas um moleque de 14 anos).
Mas não importa, pois o fato de eu poder revê-la e ler as impressões do Marcos sobre ela já me fizeram voltar no tempo, relembrar aquela época maravilhosa do motociclismo e saber que ainda existe pessoas como o Sr. Caldeira que preservam jóias raras como esta.
Ah! eu também possuo atualmente uma Suzuki A50 1973 e uma Yamaha YRS 125 1975 que estou restaurando e conseguindo peças graças ao Moto Clássicas.
Parabéns ao melhor site sobre clássicas do Brasil.
Sucesso a vocês!

nome: Luiz Salomone
(
lh.salomone@uol.com.br ) Terça Feira, 19 de Julho de 2005, às 23:42:31


Ow simplesmente demais !!
Tenho apenas 20 anos mas sou apaixonado por motos antigas da yamaha.
Minha preferida é a RD350 estou procurando saber mais sobre ela . .
Parabens !
Sou de são losé dos campos-sp

nome: Eneias
(
eneiasbalbino@hotmail.com ) Quarta Feira, 26 de Outubro de 2005, às 10:04:51


Possui uma dessa em medados dos anos 70,era em SJRP,a moto que mais dava pau nas outras pois eram poucas motos com esta cilindrada. Os nossos rachas eram sentido Guapiaçú e sem capacete. Uma vez quase mori ao bater freando na rodovia atraz de uma caminhonete sem lanternas trazeiras; más isso era maravilhoso.Parabéns pelo estado de concervação.Se for vender talvez compro.

nome: Luiz Edmundo Pereira


Sou um apaixonado por sua moto

nome: jeferson
(jefberos@hotmail.com) Quarta Feira, 27 de Dezembro de 2006, às 13:05:24


Que saudade a minha 1ª moto grande, já lá vão mais de 30 anos

nome: carlos teixeira
(ctrato@clix.pt) Quarta Feira, 25 de Abril de 2007, às 19:02:18


Otima matéria pois trate-se de uma clássica pouco conhecida mas graças ao site motos clássicas esta maravilha da década de 70 entra na internet para que todas as pessoas possam apreciar as maravilhas desta década ja passada.

nome: Carlos gean do nascimento silveira
(geannsilveira@ibest.com.br) Sexta Feira, 8 de Junho de 2007, às 20:10:37