Motos Clássicas 70
Test Drive

Ducati SCR 250 Scrambler  

por: Marcos V.Pasini


Ducati SCR 250 Scrambler 1974

Em 1974, logo após entrar na faculdade, dando minha costumeira volta pela "Esquina do Veneno", passando em frente à loja do Luiz Latorre, vi aquelas Ducati amarelas...Que motos eram aquelas?

Eu que, até então, só conhecia as Mach-1, Monza Jr. e Mark-3 1968, deparei com novas Ducati !!!


Ducati 350 Mark-3D 1968

Estavam sendo colocadas em exposição nada menos que as 450 Desmo, as azuis 350 Mark-3D, uma 900SS e...aquelas Ducati diferentes, com guidon alto e largo, também amarelas, com um pequeno tanque em forma de gota, rodas com pneus fora-de-estrada, e outros detalhes que a diferenciavam das tradicionais italianas que conhecíamos até então.


Ducati 350 Mark-3D 1974

 


Scrambler - pneus fora-de-estrada

 


Ducati 450 Desmo 1974

Scrambler!!! Era a  Ducati Scrambler!!!
Fui namorá-la de perto, mas não tão perto...
É claro que a vedete era a 900SS, mas a 450 Desmo era mais próxima à minha realidade, posto que, na época, tinha uma Yamaha RD350...
Mas a tal da Scrambler com  seu jeito pitoresco, chamava a atenção mais do que as outras.
E aquela bolsa lateral...De couro !!! Realmente era algo exclusivo e diferente...


A original bolsa de couro

O que é “Scrambler”?

Desde o final de 1950 já se sentia no mercado motociclístico, um interesse em modelos fora-de-estrada.

O estilo "Scrambler", que é uma mistura de "street" e "trail", na verdade pouco mais rústico que uma "naked", vinha inicialmente preencher esse espaço.  
Em meados de 1962 esses modelos foram destinados ao mercado norte-americano,  e a partir de 1965 começaram a ser muito difundidos também na Europa.

As japonesas aderiram também à tendência que se tornava moda.

No Brasil, em final dos anos '60, foram importadas algumas "scrambler" japonesas como a Yamaha F5-C 50cc, e a Honda CL350.


Yamaha F5C Street Scrambler 50cc 71


Honda CL 350K  Scrambler 68

A Ducati começou a se interessar por esse estilo em 1962, sendo que as primeiras SCR 250 e 350 começaram a ser produzidas em 1968, simultaneamente às Mark-3,  250 e 350 / 350D, estas já importadas no Brasil, nesta época.  


Ducati SCR 250 Scrambler 1969

A partir de 1973 os motores "carter lunghi", usados desde 1968, foram equipados com sistema de ignição eletrônica transistorizada, mantendo-se porém o sistema elétrico de 6V.

Os modelos Scrambler SCR 250, importados em 1974, foram alguns dos poucos exemplares fabricados na Itália durante este ano.
Durante 1974 até o final do ano, quando se deu o encerramento da produção deste modelo, a maioria das unidades foi produzida pela "Mototrans", em Barcelona, Espanha.

Hoje a versão da SCR ano/modelo '74 italiana, é rara de ser encontrada até na sua terra natal.
Em várias lojas com as quais entrei em contacto por telefone, por ocasião da procura de peças de reposição para a minha motocicleta, fui informado que pouco se achava desses exemplares por lá.

Foram fabricadas também pouquíssimas SCR 350D com comando de válvulas "desmodrômico" e, a exemplo das SCR 350, não chegaram a ser importadas no Brasil, pelo Latorre.  

Ao contrário do que muitos imaginam, os motores das SCR 250 e o das 250 Mark-3, a despeito de serem visualmente iguais, diferem internamente. 
O comando de válvulas da SCR, é mais "manso", as válvulas são menores, a calibração do carburador é outra, e outros detalhes mais, caracterizam os dois motores diferentemente.


O monocilindrico 
"marca registrada" da Ducati

Dirigindo a SCR 250:

Ligando-se o motor, pelo lado esquerdo da moto, ele responde rapidamente, com o ruído típico do trem de válvulas das Ducati.

A despeito desse motor não ser desmodrômico, o acionamento das válvulas é feito da mesma forma, isto é, com um “eixo” lateral ao cilindro, com engrenagens cônicas, que vai acionar o comando de válvulas no cabeçote.

Esse barulho todo, porém, não assusta quem está acostumado com Ducati.

Engata-se a marcha, pelo lado direito da moto ( o freio é no pedal esquerdo ), 1a. Marcha p/ cima (e o resto p/ baixo), o que pode causar algum transtorno aos menos avisados, acostumados à tendência mundial pós 1980.

O motor transmite uma sensação de bom torque, administrando suas 5 marchas bem escalonadas porém um pouco “curtas”, devido à relação de coroa e pinhão mais reduzida, em relação à Mark-3, sua irmã “street”.

Seu banco tem dimensões reduzidas no comprimento, em comparação a uma moto “street” normal. Mesmo assim é possível duas pessoas de peso e estatura mediana, ou seja, 1,70m de altura e 65 a 70Kg de peso, andarem com um conforto discutível porém administrável.

Sua autonomia de consumo permite pequenas viagens de ~200Km (o conforto limitado do assento, após 100Km obriga, condutor e garupa, a tomarem um cafezinho no posto de gasolina mais próximo, mesmo que não se precise abastecer o tanque).

O conjunto quadro e suspensões, é simplesmente fantástico, em se tratando de uma “bi-choque” convencional.

O modelo testado estava equipado com um jogo de pneus Pirelli MT65, proporcionando uma dirigibilidade nas curvas com padrão esportivo, às vezes, bem superior às “street” disponíveis hoje no mercado brasileiro.

Seu largo guidão, confere ao piloto uma postura ereta e ergonomicamente correta.

A vibração no assento existe mas é moderada e, no geral, o prazer de dirigir, supera, de longe, qualquer pequeno desconforto.  

A tampa do tanque de combustível, acompanha a filosofia italiana dos anos 60. Abre sobre um eixo, fixo no próprio tanque, com uma grande trave superior. Sem chaves...


detalhe da tampa do tanque

No mais, é um modelo com acabamento espartano, típico da tendência italiana da época, porém mecanicamente irrepreensível.

para acessar a FICHA TÉCNICA clique aqui

Hoje, no Brasil, praticamente "se pode contar" quantas SCR estão em condições de circulação.
Vez em quando, se ouve falar de uma ali, outra lá...

A Ducati Scrambler, ficou na minha lembrança, tanto que, após 20 anos de sua importação, consegui comprar finalmente a minha!! (essa história eu já contei...)


vestindo a camisa

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Comentários:


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Comentários dos Internautas:



¡Muy bonita tu moto! Yo he comprado una 250 de 1974 recientemente. Espero que acabe como la tuya.
Un saludo.
Arcadio del Aguila
Madrid (España) 
aaguila@gif.es (Sexta Feira, 23 de Agosto de 2002, às 05:13:26)


Salve Pasini! Estou com saudades da Ducati, afinal não é sempre que tenho a oportunidade de andar com uma "jóia" la da "terrinha". Obrigado por essa grande experiência. Entre na "Coluna Motos Antigas" do próximo mês para ter uma surprêsa. Um abraço!

nome: Carlos Trivellato
(setrivellato@uol.com.br) Segunda Feira, 9 de Setembro de 2002, às 20:33:28


ACHEI MARAVILHOSA A MOTO E A MATERIA. EU NAO CONHECIA ESSE MODELO, QUE ATE PARECE MOTO DOS CAMPEONATOS DE DIRT-TRAKE AMERICANO. LINDONA.

nome: TABAJARA A.JORGE
(MIRAASSUMPCAO@IG.COM.BR) Terça Feira, 18 de Março de 2003, às 17:09:39


Ducati SCR250: Ainda vou ter uma clássica assim!!!

nome: Vitor Garcia


Marcos

I hope you can read English.  I'm sorry I can't speak Italian.
Thanks for the picture of the Ducati 250 Scrambler on Motos Classicas 70, setembro, 2001.
I bought one new in Australia in 1972.  I was 18 years.   It was the same colour as the one you restored. Your photograph brought back a lot of memories. I wish I had kept it.

Clive Conroy
Australia
[mailto:clivecon@netspeed.com.au] terça-feira, 11 de novembro de 2003 07:30

Hi, Clive
Not problem speak English.
I live in Santos, Brazil.
This motorcycle is, really a beautiful machine.
Do you have some old pictures about your 1972, SCR?
Best regards
MP


Marcos

I can remember than my Ducati went around corners better than anyone else's bike and gave a fantastic ride.  A friend had a Honda 350/4 at the time, so we swapped bikes for an hour.  The Honda could go faster, but was just rough and dangerous because of poor suspension and handling.  He made no comment, but I knew what he was thinking about the Ducati !
Unfortunately, at the time, I was no big photographer.  There were no photographs taken of this bike.  The only thing I kept was a couple of the tools.
My Ducati was the same as yours.  The only thing I'm not certain about is the black stripe running down the petrol tank. I just can't remember there being one.  The circular cover for the air filter was definitely black.  Yours looks chrome - this could be a reflection in the photo. Be careful of the oil filter (under the oil pump, I think).  My clogged up and the engine seized. 

Hope it lasts forever.

Regards

Clive Conroy
Australia
[mailto:clivecon@netspeed.com.au] quarta-feira, 12 de novembro de 2003 04:56


Congratulations !. I have a very big warehouse in Greece, exorting oldtimer motorcycles and spares to the Northern Europe. I want to expand in Spain. Do you know a Spanish magazine about oldtimer motorcycles where I could make an advertisement ? Second question : I have 14 brandnew engines Minarelli 150cc for a 3-wheeler that was made in Spain in the end '60s or '70s, with the name " La Mataza". Where can I get more information about that, in order to sell these engines to people who maybe restore these vehicles ?

P. Maratos, Greece.

nome: Maratos Panagiotis
(maratosp@otenet.gr) Segunda Feira, 23 de Fevereiro de 2004, às 14:01:59

Hello, Maratos
I don't know about La Mataza Motorcycles.
Anyway, the message is in our site. If somebody could anwer this question it would be great!
Thanks

MP