Test Drive
B.S.A.
A65 Thunderbolt 650cc
1970

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A marca BSA, uma velha conhecida dos clássico-motociclistas, já estava em nosso mercado há muitos anos, quando, pela primeira vez, tomei contacto direto com ela. Isso foi no começo dos anos 70, mais precisamente em 70 ou 71.
Foi quando alguns exemplares, que acredito serem iguais ao modelo que testamos nessa edição, foram importados pela loja Edgard Soares, na capital paulista.

por: Marcos V.Pasini

O “shape” dos modelos BSA nessa época eram parecidos, variando detalhes técnicos, como a cilindrada e algum acabamento. 
Por esse motivo não sei precisar se aquelas motos eram, exatamente Thunderbolt.
Me lembro que o pessoal que freqüentava a “Esquina do Veneno”, fez um alvoroço na loja do “seu” Edgard com a chegada delas pois, naquela época, o nosso mercado estava carente das motos européias de última geração.


BSA A65 Thunderbolt 650cc 1970

 

O “design” ainda tinha tendências tradicionais mas eram motos viçosas, na cor vermelha (esse exemplar foi pintado na cor preta), para-lamas cromados e com a grande estrela da marca no tanque.


BSA A65T Thunderbolt na cor original


a logo marca da BSA nos anos 70

 

Um exemplar desses parecia estar muito distante de ser um sonho de consumo meu, na época adolescente, mesmo a longo prazo, tamanha a imponência dessa magnífica representante da tradicional marca inglesa.

Mas aquelas motocicletas que estavam sendo tão desejadas e disputadas na tradicional loja paulistana, ficaram na minha lembrança e, por isso, fazer um test-drive com uma delas se tornou uma meta obrigatória.

Nosso colaborador e amigo Ralf Killar, de Duque de Caxias, RJ, há pouco tempo tinha comentado conosco sobre essa BSA que acabara de adquirir mas, fatores alheios à nossa vontade, não colaboravam com o sucesso desse teste.
Mas, dessa vez, ela não me escapou.
Apesar do tempo instável no eixo Rio - São Paulo, tomei coragem e fui à Duque de Caxias, conseguindo, finalmente, pilotar essa maravilha da indústria britânica.
E valeu a pena !!!

Nossos agradecimentos ao Ralf que fez de tudo para que esse trabalho fosse realizado.  

A BSA

A BSA (“Birmingham Small Arms”), como o nome diz, começou suas atividades em 1861 produzindo armamentos e fornecendo, inclusive, rifles para o Governo Britânico.

Em torno de 1880, abriu seu leque de produção começando a fabricar bicicletas e, em paralelo, começou a produzir peças de reposição e para fornecimento na produção, em algumas fábricas de motocicletas.

Com a experiência adquirida na fabricação de moto-peças, em 1906, lançou sua primeira motocicleta e, em 1922 produziu um modelo com motor em “V” de 985cc.

Após a 2a. Guerra Mundial, a BSA já era a maior fabricante de motocicletas do mundo, permanecendo assim até o inicio da década de 60.

Na década de 50, produziu motores para bicicletas (atuando no cubo traseiro).

No final da década de 50 e começo dos 60, produziu seu “scooter” (tipo “Lambretta”).

A BSA, durante sua permanência no mercado, produziu motocicletas de 50cc a 1000cc.

Fabricou, também, modelos “Trial”, extremamente confiáveis, na época, devido à sua resistência.  
A característica principal das motocicletas BSA não era a alta performance, e sim, resistência e confiabilidade.

Em 1972 a Thriumph, BSA e Villers se uniram e, aos poucos, tudo foi se unificando na marca Thriumph.

Segundo os puristas, a BSA foi fabricada até 1972 e modelos 1973 seriam alguns que não teriam sido vendidos em 72...
Alguns modelos com motores 2 tempos foram produzidos a partir de 72 mas, como são um "mix" com outras empresas européias não são considerados como um modelo puro BSA.

A BSA Thunderbolt 650cc

A BSA Thunderbolt 650cc foi produzida de 1960 a 1972.

Seu motor é um bicilíndrico OHV 4T alimentado somente por um carburador, o que prejudica seu performance mas facilita sua regulagem e melhora o consumo.


detalhe do motor da Thunderbolt 650
notem o único carburador para os dois cilindros

 

O modelo “Lightning” é uma versão esportiva da “Thunderbolt”, com 2 carburadores, que chega à velocidade final de 170kh/h.

O acionamento das marchas é feito por um pedal situado no lado direito e, diferentemente das outras européias que tenho testado, o kick de partida fica também do lado direito (normalmente quando o pedal de marchas é do lado direito, o kick fica no lado esquerdo).

Outra curiosidade é quanto ao abastecimento de óleo do motor e transmissão.
Apesar do conjunto motor estar montado em um só módulo, conforme a maioria das motos tradicionais “pós 70”, existem três abastecimentos distintos !!!
O óleo do motor é em um tanque, situado na lateral direita, pois o motor é “carter seco”. Até aí tudo bem.
O abastecimento do cambio é feito pelo lado direito do bloco e o da embreagem, pelo lado esquerdo (!!!).  


abastecimento do óleo do motor - cárter-seco


bocal de óleo do cambio


óleo da embreagem

 

O cubo de freio traseiro também é pitoresco.
Ele situa-se na metade esquerda do eixo da roda, em conjunto com o suporte da coroa, formando uma montagem compacta esteticamente agradável.


detalhe da roda traseira
notem o cubo de freio e a coroa do mesmo lado

 

O tanque é fixado por meio de um prisioneiro, onde se aperta uma porca, por cima do tanque, logo atrás do bocal de abastecimento.
Totalmente fora dos padrões tradicionais.


detalhe da fixação do tanque ao quadro, no centro

 

A parte elétrica é, no mínimo, inusitada...
O positivo de sua bateria de 12V é ligado ao chassis da moto (quadro tubular) e o negativo faz o roteiro dos equipamentos elétricos....  

O sistema óptico é de bom tamanho mas, não foi possível testá-lo à noite.
Esse modelo não é dotado de setas ("piscas").


grande farol mas, sem piscas

 

O regulador de voltagem, com a carcaça em alumínio haletada, situa-se no quadro, abaixo do tanque, próximo à chave de contacto.


regulador de voltagem próximo à chave de contacto

 

Os escapamentos originais tem o tradicional formato de “cachorro-quente”, com o silencioso formando um grande cilindro com as extremidades arredondadas, no final do cano de descarga.

Pilotando a BSA Thunderbolt 650cc

Torneira de combustível aberta e chave de contacto ligada o motor responde na primeira pedalada no kick, com uma marcha-lenta estabilíssima, proporcionando um compassado “tum,tum,tum,...”

Essa “batida” rítmica é acompanhada pelo piloto que a sente totalmente no guidon e assento, em uma, literal, interação homem-máquina.

Para recolher o apoio lateral, antes de colocar a moto em movimento, é necessário esticar bastante a perna esquerda, devido a distancia da articulação e ao grande braço de alavanca da peça.
Mas isso, para quem tem mais de 1,70m, deve ser mais fácil...


apoio lateral muito à frente

 

Engatando-se a 1a. marcha, nota-se uma outra curiosidade...

Nas motocicletas que pilotei com o cambio do lado direito, todas engatavam a 1a. marcha “para cima” e as outras para baixo.
Nessa BSA o pedal é do lado direito mas a primeira engata-se “para baixo”, ou seja, pisando-se no pedal com a ponta do pé, e as outras 3 para cima...
Isso me fez prestar bastante atenção durante a pilotagem, não por ser o pedal de cambio do lado direito, mas pela posição de engate, que é típica das motos com pedal do lado esquerdo...
Mas, sem grandes problemas. É tudo uma questão de adaptação.


cambio e kick do lado direito


pedal do freio traseiro no lado esquerdo

 

Nessa unidade, os escapamentos originais foram substituídos por 2 “cones” diretos que, com seu ronco, instigavam a uma tocada mais esportiva.


vistra traseira da BSA Thunderbolt
notem os escapamentos tipo"cone"

 

Seu cambio de 4 marchas tem sua relação de marchas na medida da curva de torque desse bicilíndrico 4 tempos, que começa a se manifestar logo nas rotações mais baixas.

A vibração de seu propulsor, que lembra um pouco as Kawasaki W1 650 ou as Yamaha XS1 650, é sentida sempre porém, isso se torna mais prazeroso do que incomodo, devido à competência de sua performance.

O motor levanta a rotação rápida e progressivamente, fornecendo uma aceleração digna de uma 650cc bicilíndrica moderna.

O engate das marchas é macio e preciso e o ponto-morto é fácil de se achar, entre a 1a. e 2a.

A motocicleta é bastante leve, pesando em torno dos 180kg, podendo-se manejá-la tanto na pilotagem como em manobras de estacionamento, com extrema facilidade.

A altura do banco ao solo é “na medida” para um piloto de estatura média.  


na medida

Em curvas, apesar de não ter podido fazer uma pilotagem mais radical em função da condição do piso, deu pra sentir a estabilidade e segurança com que se pode contorná-las.


curvas sem problemas

 

Devido ao seu cáster bastante acentuado, a BSA Thunderbolt tem uma estabilidade invejável em retas.
Para auxiliar nessa condição o sistema de direção ainda conta com um regulador de esforço de direção, o "fermasterzo".
Mas, em contrapartida esse cáster elevado aumenta o esforço no guidon, em manobras a baixa velocidade, em transito urbano.
Para contornar esse problema, a BSA optou por recuar o apoio do guidon, fazendo um braço de alavanca com o eixo de articulação na canopla do quadro, atenuando o esforço do motociclista.


detalhe do suporte do guidon, recuado para traz do "fermarsterzo", 
que atua no eixo de articulação, na canopla do quadro.

 

Lembro-me de que quando as vi pela primeira vez, a BSA 650cc me parecia “enorme” posto que estava acostumado com pequenas 50cc, 125cc e 250cc. Mas, tomando-se intimidade com ela, o tamanho já não assusta.
Pelo contrário, ela se mostra com uma ergonomia totalmente favorável à segurança do piloto.


confortável e segura

 

Os freios a tambor, sendo o dianteiro, com duplo came de acionamento das sapatas (“duplex”), são bastante competentes, somados ao “freio-motor” do seu motor 4 tempos de 650cc.  


grande cubo dianteiro com sistema "duplex"

 

Os comandos são relativamente macios e o painel é de fácil visualização, com exceção do amperímetro, de tamanho reduzido, que fica na caixa do farol, ou seja, mais distante do piloto.

A chave de contacto fica na lateral esquerda, abaixo do tanque de gasolina, logo acima da curva de descarga, em local, tradicionalmente, desconfortável.

Curiosamente, a chave de trava de direção fica logo atrás do painel onde, normalmente, se situa a chave de contacto.
Confortabilíssima !!!  


detalhe do painel
notem o "fermasterzo" ao centro e a chave da trava de direção , entre ele
e o conta-giros (lado direito)
O amperímetro situa-se na carcaça do farol, dificultando sua visualização do
piloto

 

A BSA Thundelbolt 650 é outra daquelas motos que dá vontade ficar andando o dia inteiro.

É uma soma de tradição e desempenho que resulta em uma sensação de pilotagem inigualável.

God save the Queen !!!!


não dá vontade parar...

 


FICHA TÉCNICA
clique aqui

Esse teste foi realizado em Duque de Caxias, RJ

Nossos agradecimentos especiais ao Ralf KIllar, que não mediu esforços para que esse teste fosse realizado.

Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria !

Comentários:


Nome:   E- Mail:


Uma bela maquina pela qual nos apaixonamos dentre muitas outras que fizeram parte dessa historia maravilhosa das motocicletas que eram feitas para durar e não essas porcarias que compramos hoje em dia.
Parabens pela materia.

nome: Marcelo Gomes
( ma_gomes@hotmail.com ) Terça Feira, 6 de Junho de 2006, às 22:34:30


Em primeiro lugar parabéns ao proprietário desta jóia da coroa,quando garoto vi algumas BSA mas como não as diferenciava nunca soube ao certo o seus modelos porém o seu barulho(ronco) era de respeito; como tudo que é bom faz escola devemos as inglesas um das grandes dos anos 70 a 650 Yamaha .
Continuem trazendo mais inglesas

nome: silvio.scortecci
( silvio.scortecci@terra.com.br ) Quarta Feira, 7 de Junho de 2006, às 20:03:19


Essa é a moto!!!
Seu ronco é o mais bonito que já se ouviu em uma moto.
Valeu pelo test-drive...

nome: Molina
( rr.molina@terra.com.br ) Quinta Feira, 8 de Junho de 2006, às 18:45:17


Nunca pilotei um BSA, até hoje só rodei em motos japonesas, mas, há muito sou admirador da marca. Meu pai me falava sempre, com saudades, que pilotava uma BSA nos seus vinte anos.
Comentários elogiosos e narrações saudosas faziam minha imaginação companheira das suas saldades.
Acho que foi isso que me impregnou de admiração pela marca.
Valeu pela carona no teste drive.
Não faltaram fotos em detalhes!
Valeu!

Rômulo Rostand

nome: Rômulo Rostand
(contato@motoresdecombustao.eng.br ) Quinta Feira, 8 de Junho de 2006, às 22:53:14


1970,12anos, nunca mais me esqueci do "logo" do viros que me contaminou, era uma estrela estilizada com umas letras no centro "BSA"; so posso dizer: "sonho, é um sonho", lendo este teste pude sentir o cheiro do óleo e da gasolina, e como lá em 1970,deu prá sentir um pouco da vibraçao do motor que passava do chão para os pés pernas até que chegou ao coraçaõ, só que agora o caminho foi exatamente o inverso, saiu do coração para o resto do corpo, "SENSACIONAL" , "SONHO".

nome: Almir Nonato de Paula
( a.nonato@yahoo.com.br ) Domingo, 11 de Junho de 2006, às 17:03:55


Parabens pela materia, e para o proprietario da moto. deu até agua na boca de vontade de andar nesta maquina.

nome: JOAO FERNANDES
( DKJAWA@YAHOO.COM.BR ) Domingo, 11 de Junho de 2006, às 21:54:51


Moro na Inglaterra ( Isle Of Man )e no dia 11/6/2006 na TT, vi duas iguais a esta sao lindas.

nome: fabio
( fabiogiceli@hotmail.com ) Segunda Feira, 12 de Junho de 2006, às 13:22:47


Gostaria apenas de fazer duas correções no texto:a BSA fabricou mais de um modelo de scooter, posso citar o dandy e o sunbean, gostaria também de citar o modelo goldstar que simplesmente foi o modelo de moto que mais ganhou titulos no mundo (sendo a primeira moto a fazer a volta no circuito de Broksland em mais de 100 milhas por hora)!!! Desta forma a BSA também produzia motos de alta performance... No mais a reportagem é ótima... Molina

nome: Molina
( rr.molina@terra.com.br ) Quinta Feira, 15 de Junho de 2006, às 16:43:45


Eu sou apaixonado por motos antigas eu gotei dessa moto e assisto muito o american chopper e vou muito na cd do aguia negra fmz falou fui

nome: jefferson
( alemao_miliano@hotmail.com ) Sexta Feira, 16 de Junho de 2006, às 00:28:04


Não querendo ser maçador aqui vai aquela quimica que se transforma numa "droga" que são as máquinas BSA.
Tinha cerca de 10 anitos o meu pai montava uma bike com a marca bsa, oferecendo-me para eu estar em forma uma philips, parecia mais um cavalo de pau do que uma bicicleta, uma vez por outra passava uma trovoada no meu perimetro da residência, era aquela estrela brilhante de uma qualquer bsa que nunca consegui identificar devido a ser muito menino...o bichinho começou-se a instalar,aquela bsa sim... era outra que eu nunca mais esqueci.
Um dia consegui uma boleia forçada por mim numa bicilindrica de 500cm3, tipo mula de carga de um "barateiro" que vendia tecidos de porta a porta, o sonho instalava-se! passados os anos encontrei num celeiro antigo de um agricultor uma c-15 (monocilindrica de 250cm3)da década de 60 abandonada e maltratada com o motor calado, mas não esquecida, que dando um negócio chorudo ao dono me arrasou a carteira, mas valeu a pena o esforço, passou a ser quase como a personagem daquele velho fado vadio português "quando elapassa! "  restaurada de côr original quadro em preto aros guarda lamas e escape e depósito de combustivel cromados, este com uma faixa azul na zona do tampão.
A passear com o seu ronco caracteristico, era magia pura para quem olhava e para mim que pilotava, ou porque as motos eram raras nesses tempos ou então não sei explicar a sensação de ir ali era tal, que aquilo que se chama hoje "adrenalina" transformava-nos e punha-nos no centro do universo porque as pessoas em geral parece que nos contemplavam na passagem daquela estrela reluzente,e não só e por causa de tudo isto comecei a frequentar uma paragem obrigatória que hoje é minha mulher e tambem pertencia aquele grupo de pessoas que a viam passar, e de tanto passar hoje passeia nelas, mas isso é outro assunto.
Passados alguns anos meteu-se uma Nipónica pelo meio que durou pouco tempo, eu fui na Honda sabem!
Após quase 24 anos desgostoso sem moto, eis que se faz luz!
Tenho em minha posse do qual sou proprietário de uma BSA LIHGTNIG de 1970 com 650 cm3, com dois carboradores dois ecapes com ponteiras estreitas que imitem um som!...só ouvindo...é vermelha e preta,está como nova porque restaurei-a, e o reto já sabem!...
até sempre.

nome: josé Gomes
( batistagomes@gmail.com ) Domingo, 25 de Junho de 2006, às 11:53:59


SEM DUVIDA NENHUMA A BSA FOI A GRANDE FABRICANTE DE MOTOCICLETAS POR MUITAS DECADAS E AOS QUE NAO SABEM ELAS AINDA FUNCIONAM A DAO PAO EM MUITAS JAPONESAS, JA COMPROVEI ISSO COM A MINHA GOLDEN FLASH 650 CC ANO 52 , E O RONCO.... SO PERDE PRA VINCENT 1000 NAO E MESMO ?
ABRAZOS A TODOS OS MOTOCICLISTAS DO BRASIL!

nome: VICTOR GUTIERREZ
(VIDAGUTIERREZ2002@YAHOO.COM.BR) Terça Feira, 12 de Agosto de 2008, às 16:38:09