CB400 - Um sonho antigo



É uma longa história que começou em 1980.

Eu nunca fui ligado em moto até o lançamento da CB400 naquele ano. Meu pai havia falecido há alguns anos antes e minha mãe, ainda jovem, começou namorar um cara que tinha uma CB400 prata, 81, novinha.

Eu não gostava do cara mas adorava a moto dele. Em 82 entrei num consórcio da CB e logo em seguida lançaram a CB400 II e quando eu vi a vinho, disse - "É essa!"

Mas aí comecei a namorar, fiquei noivo e ela (hoje minha esposa) não gostava de moto e me fez vender o consórcio.

O desejo de ter uma CB ficou adormecido até 2002.

Um dia cheguei pra minha esposa e disse: "Vou comprar uma CB", ela disse "Ficou maluco?"

Eu fui cada vez mais falando de moto e do meu sonho antigo de ter uma CB. Cada vez que passava uma CB por nós eu mostrava a ela e dizia: "É uma dessa que eu quero comprar" e aos poucos ela se convenceu que isso era o que eu realmente queria.

Começou falando que eu não deveria comprar uma moto velha e sim uma mais nova, tipo Bis, YBR ou Twister e que antes de tudo eu deveria ter habilitação. Pensei: "Pronto, essa batalha eu ganhei".

Para minha surpresa no ano passado ela recebeu uma herança da avó dela e me perguntou quanto eu precisava pra comprar uma moto e eu disse que primeiro ia tirar a habilitação e depois compraria. Mas por uma fatalidade no meio do ano ela teve uma doença muito séria, gastamos muita grana e nem pensei mais em moto.

Quando ela estava melhorando entrei na moto-escola, fiz as aulas e nesse meio tempo fui procurando CB e apareceram várias ofertas boas mas o dinheiro estava curto.

Pesquisava na internet, nos classificados, telefonava, ia ver e era só decepção, cada lixo. Vi algumas muito boas mas todas muito caras.

No final de dezembro vi um anúncio num jornal vendendo uma "Custom 84 azul impecável", telefonei e o cara disse que a moto estava linda, impecável, toda nova, que não tinha nada pra fazer e como ele mora longe combinamos de nos encontrar domingo cedo na Feira de Automóveis do Anhembi.

Quando eu vi a moto, quase bati no cara, tava  toda baleada, batida, um monte de peças para trocar, banco rasgado, lanternas quebradas, rodas tortas, pintura riscada e falei que ia dar uma volta pra ver outras opções.

Foi quando vi aquela CB400 82 vinho, com varias pessoas olhando e fazendo perguntas ao proprietário, aquele ronco gostoso do motor, foi amor a primeira vista e perguntei se tinha negociado com alguém e ele disse que ainda não então eu falei: "Eu fico com ela, pode tirar a placa de vende-se".

Dei um sinal e combinamos para ele trazer a moto na segunda-feira em São Paulo para levarmos a um mecânico, ver a documentação no despachante e se tudo estivesse ok eu lhe daria o dinheiro.

Fomos no mecânico, ele a examinou toda, deu uma volta e disse: "Compra logo que não tem nada pra fazer". A partir desse dia (29.12.03) sou mais um feliz proprietário de uma CB 400 82, toda original, só que ainda não tinha habilitação.

Interessante foi a força que minha esposa me deu pra comprar essa moto, quando saí pra ir ver motos no Anhembi, ela, sendo religiosa, fez uma oração pedindo que se fosse a vontade de Deus que eu tivesse uma moto, que eu achasse uma muito boa e por um preço justo.

E quando ela viu a CB ficou maravilhada e me deu razão por perseguir um sonho por mais de vinte anos.

Hoje já com habilitação e algumas peças trocadas por novas e originais, a CB400 deixou de ser um sonho e tornou-se minha segunda companheira.


Rodolfo Valentino Mesquita  estudio@mgoncalves.com.br

São Paulo - SP