Viagens

 

          A maior parte dos motociclistas cita, quase sempre como motivo de aventuras, viagens feitas com suas máquinas. Sejam elas longas, atravessando países ou até mesmo continentes, ou um pouco mais curtas mas, não menos empenhativas, trazendo sempre algo para ser recordado e transmitido para outras pessoas.

          Apesar de ser um motociclista com um bom tempo de rodagem, nunca fui um aventureiro de longas distâncias, tendo sempre resumido meus passeios às estradas da região de São Pedro, onde resido. Como experiência única, fica registrada uma viagem ao sul de Minas, distante aproximadamente 300 km, com uma Yamaha RD 350 LC 87, uma moto nova na época.

          Porém, surgem experiências aparentemente banais que podem ser marcantes para algumas pessoas. Atualmente, como ao longo dos últimos dezesseis anos, sou proprietário de uma Honda CB 400 Four Super Sport ano 75, a quinta moto deste modelo mas, sem dúvida, a melhor delas em originalidade e qualidade de máquina.

          Há pouco tempo, surgiu a oportunidade de acompanhar o pessoal do motoclube Rota 364 em uma viagem até Avaré, distante cerca de 150 km de São Pedro. Ao ver que não apenas as “estradeiras” fariam o percurso, resolvi arriscar, tentando acompanhar as motos menores. Seria um verdadeiro teste para a 400 pois, afinal, depois de muito empenho em chegar a moto ideal, esta seria a prova para ver se o trabalho valera a pena.

          Partimos; os primeiros 30 km foram um misto de emoção e apreensão; como se comportaria na estrada uma moto de 26 anos de uso? O motor agüentaria? O que poderia quebrar? Os quilômetros sucediam-se e a moto parecia andar cada vez melhor. Hoje, para sua condições, julgo que a velocidade ideal seja entre 100 e 110 km por hora, sendo este o ritmo mantido por quase toda viagem, tendo sido a melhor passagem em 140 km por hora, apenas para conferir a saúde do motor. 

          Confesso que não fui páreo para nenhuma das motos do passeio, não consegui andar junto nem mesmo de uma velha RD 350 LC, mas que alegria constatar um rendimento tão bom da minha “quatrocentinha”! No caminho de ida, cruzei com uma Honda CB 550 Four, da mesma época da 400 e fiquei imaginando como deveriam ser as estradas na época em que tais motos reinavam absolutas.

          Após um almoço em Avaré, voltamos a São Pedro, com um retorno ainda mais tranqüilo. O que para os outros integrantes do grupo tenha sido apenas mais um passeio, para mim significou um grande prazer, uma experiência nostálgica de sentir o que outros motociclistas sentiam em épocas passadas, com nossas valentes veteranas...

 

Carlos Eduardo Trivellato